21 de fevereiro de 2012

16.

Sei que de alguma forma, ainda queres saber de mim, ainda vens aqui saber como estou, onde estou e se ainda te escrevo. Quero que saibas que por tudo o que te possa ter feito e por tudo o que já me fizeste a mim, o meu sentimento nao desaparece, mas transforma-se em desespero. Desespero de conseguir um abraço teu, uma palavra de conforto, e um telefonema enquanto eu estiver na sala à espera que acabes de fazer o jantar.
É parvo o que se está a passar agora, eu sei, e sei que também pensas da mesma forma que eu. Fomos sempre muito parecidos, nao fisicamente, mas mental e espiritualmente.
Só tenho saudades do ano passado, do verão principalmente, quando me encontraste, perdida, a cair num buraco escuro para qual os outros me empurravam. Deste me a mão, de uma forma estranha, entraste dentro da minha vida, mudaste-a, e eu sei que fizeste tudo com um unico objectivo, ajudar-me, ver-me bem, e nao teres medo de um dia eu estar sozinha.
Estou a responder ao teu pensamento de ontem, parece real o que estás a ler nao é? É mesmo real. Ainda te sinto, mesmo quando te escondes, quando tens medo, e quanto sentes saudades.
Tento nao pensar, nao falar, tento esconder e fingir que está tudo bem. Não está. Nem comigo, nem contigo, nem connosco, sigo a minha vida todos os dias com a promessa sempre falhada de nunca olhar para trás, olho sempre. Espero sempre por ti, acredito ainda que um dia possa olhar para o relógio, e serem nove horas, olhar para a janela e ver-te chegar, sempre tão pontual, quase tanto quanto eu.
Relembro o àlbum de fotografias que tenho guardado, aliás, abro-o todos os dias, mas nuns sorrio, noutros choro. Sinto falta do conforto, não de um conforto qualquer, do teu conforto, do conforto depois de um grande dia de trabalho, do conforto de uma grande conversa, mesmo estando nós em silêncio. Do conforto das tuas maos frias a tocar-me no cabelo, sabendo que provavelmente estarei à espera em vão, ao menos que a espera seja delicadamente dedicada a ti, só a ti.

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