Nem sei como começar, talvez porque nunca houve começo, talvez tenha nascido para ser mesmo assim. Não te consigo pedir desculpas, as minhas desculpas não resolvem nada, não derrubam a mágoa que tens, não mudam a desilusão que te causei e causo ainda, mas eu já nada posso fazer. Tu nunca quiseste aprender a aceitar-me como eu sou tal como eu nunca quis aprender a ser outro alguém, entendo que custa, custa ver-me assim principalmente porque sou tua filha, mas entende, que o meu destino sou eu que traço e de qualquer maneira iria ser assim. Respeito-te, pode ser que mesmo em silêncio, mas respeito-te e gosto de ti, gosto de ti de uma maneira especial e mesmo não demonstrando, preocupo-me contigo e com tudo o que estás a passar. Visto tudo o que passas, os muros que deitas a baixo considero-te uma grande mulher, o que te falta é conseguir aceitar uma personalidade construída à base do que viveu não só em casa como fora dela. Não sou um exemplo para ninguém, vocês muito menos, nunca me apoiaram em nada, em nenhuma escolha, em nenhuma decisão que eu tomasse, opinaram negativamente em relação ao meu ser e ao meu modo de viver, mesmo assim nada posso eu dizer, sem ser um agradecimento, obrigada por me tentarem educar, mostra que tentaram construir uma pessoa à vossa imagem, talvez um pouco melhor. Todos os problemas que tive e vou tendo, vou superando, sendo forte e sorrindo imaginando que será melhor. Até hoje, não vi nada de bom na minha existência, nasci para sobreviver, óptimo! Então para que é que aqui ando? Pergunta banal, pergunta fácil, resposta difícil, ou então não existe. Aprendi a lidar com pressão por todos os lados, aprendi a desenrascar-me da pior maneira, talvez envolva mentiras, grandes mentiras, mas nada para vos magoar, nada para vos deitar abaixo como vocês têm a capacidade de me fazer a mim. Vocês não conseguem viver em paz, digo isto porque só vivem com preocupações e com o dever de preocupar os outros. O motivo de eu escrever? Já o faço há anos. Nunca entenderam não é? Pois, não é fácil poder falar com pessoas como vocês, aparentam ser tão próximos mas são tão distantes, distantes de um mundo que me rodeia, distantes de um mundo que eu fiz questão de construir sozinha, para poder viver com as minhas regras e não com aquelas que vocês imaginam no livro da vossa vida. Vocês já tiveram a minha idade, isso é indiscutível, mas não viveram neste tempo nem neste ambiente, por mais que se esforcem, por mais que tentem entender, vai ser uma incógnita na vossa mente porque nem eu vos posso explicar o porquê de certas atitudes e da minha arrogância de súbito, só vos tento pedir em silêncio um pouco de compreensão, um pouco de aceitação do meu caminho e da liberdade que o ser humano tem de viver à sua maneira. Ninguém depende de ninguém, por mais que digam que sim, eu não dependo de ninguém, muito menos de vocês. Trouxeram-me ao mundo, mas não foi algo que eu pedisse, então porque é que agora tenho que pedir para me abrirem as portas ao resto? Não posso viver às escuras, e por muito medo que tenham de eu bater com a cabeça, deixem-me bater! Pode ser algo que eu realmente precise, pode ser algo que eu precise para ver que tenho de ir por outro lado, ou então posso encontrar algumas portas por onde poderei entrar, mas deixem-me encontra-las sozinha, não quero que sejam vocês a dizer-me o caminho de uma delas só porque acham o melhor.
Não era isso que esperavam da vossa vida, eu sei, nem esperavam que fosse eu uma das pessoas que poderia vir a desiludir-vos, mas fui obrigada a isso, mesmo não querendo, foi talvez por me querer safar, por não ter que levar com as mesmas conversas e os mesmos gritos e chatices. Nunca entenderam que é assim que eu sou, nunca entenderão que por tudo que vocês possam fazer, serei sempre eu e as minhas decisões, serei sempre eu a aprender o caminho que escolho, por mais difícil que ele seja. Neste momento não vos consigo ver como pais, desculpem-me por isso mas nunca vos vi fazer o papel completo de tal. Pode ser que um dia, quando já não estiver com vocês, vocês se venham a lembrar o quanto foram injustos ao não entender o porque de eu me preocupar muitas vezes em mostrar a minha independência e rebeldia, pode ser que venham a entender que nunca foram para mim, o que dois verdadeiros melhores amigos (pais), deveriam ter sido.
Não era isso que esperavam da vossa vida, eu sei, nem esperavam que fosse eu uma das pessoas que poderia vir a desiludir-vos, mas fui obrigada a isso, mesmo não querendo, foi talvez por me querer safar, por não ter que levar com as mesmas conversas e os mesmos gritos e chatices. Nunca entenderam que é assim que eu sou, nunca entenderão que por tudo que vocês possam fazer, serei sempre eu e as minhas decisões, serei sempre eu a aprender o caminho que escolho, por mais difícil que ele seja. Neste momento não vos consigo ver como pais, desculpem-me por isso mas nunca vos vi fazer o papel completo de tal. Pode ser que um dia, quando já não estiver com vocês, vocês se venham a lembrar o quanto foram injustos ao não entender o porque de eu me preocupar muitas vezes em mostrar a minha independência e rebeldia, pode ser que venham a entender que nunca foram para mim, o que dois verdadeiros melhores amigos (pais), deveriam ter sido.
Sem comentários:
Enviar um comentário